Alguns nascem com a afinação de anjos, outros ensinam como ninguém. Tem gente que nasce com o anseio de ajudar, alguns em aconselhar, outros têm uma belíssima oratória, uns tocam ou dançam ou cozinham, talentos enfim.
Nós somos capazes de adquirir vários conhecimentos na vida, mas existe uma semente no nosso coração chamado dom, uma sementinha que deve ser regada, podada, cuidada a fim de crescer, florescer e gerar frutos.
Busquem os melhores dons! – ele disse após listar vários deles- Busquem os melhores.
Mas pensei “como saber qual o melhor? Qual parâmetro devo usar para escolher o meu?”
Dom deve ser útil. Do que vale o pintor se não tem gente que usufrua de suas cores? Ou um poeta que não tem com quem partilhar seus poemas?
Onde dom é semente, água é amor. A escolha do seu dom deve ser feita com zelo e regada com o caminho excelente que não se vangloria, nem se ensoberbece, que é paciente e bom, que não inveja, que não é lar do rancor, que crê, que espera, que suporta. Amor é o ator que diverte uma plateia sem esperar os aplausos.
O mundo gira melhor quando os 7,5 bilhões de faróis se identificam como luz e assumem a responsabilidade de exercer seu dom de brilhar - amar.
Nós não apenas colhemos o que plantamos, mas também comemos. Por isso partilhe e compartilhe seus bons frutos e satisfaça a fome de uma geração que carece de abraço, respeito, esperança, fé, gentileza, e, principalmente, amor.
Abasteça seu regador, Catarina, regue a boa semente.
Conta-se que há mil
anos em uma dessas terras distantes a qual ninguém mais se lembra do rei e nem
das vistosas cenouras produzidas aos fundos do castelo, um homem com bochechas
vermelhas como pitanga chorava a beira do caminho. As pessoas que por ali
passavam se indagavam caladas ou a pequenos sussurros: será dor de luto ou dor
de dente? Porém ninguém se aproximava, seja dito de passagem, nem precisava já
que sua tristeza podia ser vista a milhas. Os dias passaram, a contar 130 dos
365 que o ano possui, todos os dias no mesmo horário chorava a orla do caminho.
Naquela época os homens
vendiam, as mulheres cuidavam e as crianças se apaixonavam, logo cedo sim, para
não perder a paixão pela vida. Amavam os pais, os pardais, as flores dos
quintais, a vida simples como ela é, a tarefa de casa era nunca se esquecer do
amor que há no mundo, infelizmente ao crescer nem todos faziam a tarefa de
casa.
“O choro pode durar uma noite mas a alegria
vem pela manhã” foi o que a pequena leu no calendário pendurado na parede da
oficina do carpinteiro, logo lembrou do homem das bochechas pitanga e se
perguntou quantos dias levariam a noite do moço.
A mãe da menina naquele
dia pediu para que ela fosse trocar alguns brócolis por cenouras com o
jardineiro do castelo. Catarina, colocou seu chapéu, calçou suas sandálias e
pegou sua cesta. A menina saiu, andando e saltitando e sorrindo aos quatro
ventos, passou pelo campo de flores e decorou seu chapéu com várias cores.
Seguindo passou pelo lugar onde sempre via o homem das bochechas pitanga, só que
dessa vez ele não estava lá, será que havia morrido de tristeza? Catarina ficou
triste com a hipótese que criara.
Ao chegar no castelo e
olhar por toda horta direcionou-se ao jardineiro que agora tinha um novo
ajudante, seu nome era Pompeu, ele se parecia muito com o homem das bochechas
pitanga, a diferença era que sorria e assobiava enquanto colocava sementes de
girassol para alimentar os passarinhos que ali passeavam às manhãs. Catarina
ficou atônita, mas com um sentimento de curiosidade feliz no coração. Se
inclinou a sussurrar ao jardineiro:
- Aquele é o homem que
a beira do caminho ficava a chorar?
- Por que não pergunta
a ele? – O jardineiro respondeu.
Acanhada Catarina se
aproximou de Pompeu e percebeu que os olhos que em lágrimas se derramavam agora
brilhavam como estrelas da noite mais escura.
- Moço, por que o senhor
chorava?
Com uma pausa Pompeu a
olhou e respondeu:
- Porque meu coração
chovia e se alagava todo dia, o ladrão roubou minha alegria.
- E agora? Seu coração
não chove mais? Você pegou o que foi roubado de volta?
- Não exatamente,
pequena menina, a minha alegria era coisa que a gente pegava com a mão, que o
vento levava, que o gafanhoto comia, meus conceitos e pensamentos eram
egoístas e pó. De manhã o dia é bem mais bonito; com os olhos sem lágrimas pude
enxergar que o céu - depois de tanto tempo - ainda continuou com o brilho azul.
Que nenhuma nuvem negra faz casa em cima da nossa cabeça, mas que o vento também
a leva. Descobri que alegria de verdade o tempo não pode fragmentar. Que a
esperança pode ser encontrada nos olhos daquele que a leva mesmo em dias ruins.
Que Deus não mora longe, que Ele também anda descalço e desenha na terra com um
graveto, que Ele queria enxugar minhas lágrimas o tempo todo e só eu não
percebi, que o meu inimigo era meu próprio eu que se não queria enxergar o Amor
que eu recusava a aceitar.
- Mas, seu Pompeu, qual
é a sua alegria agora?
Com um sorriso de orelha
a orelha, Pompeu olhou ao céu e respondeu:
- Saber que minha
casa é o abraço de Deus.
Catarina o abraçou e
agradeceu pela lição que sabia que levaria em cada um dos dias enquanto morasse
nessa terra.
Na hora de dormir,
pediu benção aos pais, foi pra sua cama, ajoelhou e agradeceu por entender que
feliz mesmo é aquele que mora no abraço de Deus.
Não é sobre
quem eu sou, mas sobre quem Ele é. Porque só descobri quem eu era quando entendi o
que eu sou para Ele. Descobri que valor não é a moeda que se guarda no bolso,
mas aquela que compra o pão para alimentar uma multidão. Que amor não se
subtrai. Se multiplica. Se divide sem olhar a quem. Aceitei que a perfeição não
vem de mim, e que por vezes não farei o bem que eu quero, mas o mal que não
quero acabarei por fazer. Miserável homem que sou!
Descobri que
por mais que eu caia no chão a sua forte mão, gentilmente, irá me puxar de
volta. Que eu sou aquela menininha de vestido alvo a dançar soprando as
bolhas de sabão imaginando quantas cores elas podiam mostrar da infinidade de
tons da paleta de Deus. Que sonhos precisam voar mais alto que as bolhas e serem
mais coloridos que o arco do firmamento. E que eu, com valentia, os
conquistaria se eu fosse maior que os medos que um dia alguém me ofereceu.
Descobri que
a esperança não poderá me faltar. Que fé é confiar. Mas que o amor - ah! O amor!
- Desse eu deverei sempre transbordar.
E mesmo que
um dia a memória me falte...
E mesmo que
eu me distancie de quem eu sou e esqueça-me da fé, da esperança e do amor, Ele
continuará sendo o que sempre foi: O que Ele é.
Aqui no interior sempre foi barro mesmo, quando caía era na lama e cascalho, voltava para casa sempre com o joelho ralado. Não precisava ir a venda da esquina para comprar frutinhas, as árvores moravam no nosso quintal. Eu tinha de estimação um pé de algodão (que colhia sempre que precisava plantar meus feijões depois que minha mãe os escolhia).
Em frente de casa os meninos soltavam pipa e as meninas faziam fila para brincar nas amarelinhas riscadas com um graveto na terra. Eu, sentada no banco de madeira, com várias cores os desenhava sem pressa. Todo mundo buscava o céu.
Os meninos fazem vestibulares, prestam concursos. As meninas também. Todos buscam a terra. Eu continuo desenhando e caindo sem as rodinhas da minha bicicleta. Levo a tranquilidade na garupa e a felicidade na cestinha, olhando o mundo no binóculo e ilustrando descobertas.
Não pense você que tirar as rodinhas é para quem já sabe correr e fazer manobras com aquela bicicleta azul de cestinha. Tirar as rodinhas é para poucos, porque sonhar mesmo é só para quem tem essa tal de coragem.
Vou confessar a ti, essa lista já existe. Por favor, não desista de mim. A segunda coisa que preciso confessar-te é a minha falta de memória associada à capacidade de perca de coisas pertencentes a mim - ou não -. O fato é: perdi a lista. Não encontrei-a na internet e nem em nenhum dos meus blocos de anotação. Sobre ela, das únicas coisas que lembro: 1) Seu nome "Luzes que procuro seguir"; 2) Era sempre guardada em meus lembretes, num lugar que pudesse ser visualizada todos os dias, talvez tenha falhado um pouco; 3) Fora escrita por um homem, ou não, esta é, absolutamente, apenas uma impressão.
Espero que não seja fruto dos meus sonhos, no entanto se for, tudo bem.
Além disso, lembro que essas tais luzes eram em um número X, como não sei que número equivale a X não vou me conter em criá-las ou procurá-las. Então, conforme for-las encontrando compartilho contigo, caso alguém, além de mim, também as procure. E você, se encontrá-las, por favor, compartilhe comigo.
AS PRIMEIRAS TRÊS
1 - Sorria, sempre, ao agradecer.
2 - Aplique seu coração ao seu caminho.
3 - Quem se apressa ao beber um bom chá queima a língua. Não seja esse alguém.
As luzes estão por todo lugar. É verdade, na claridade é mais difícil percebê-las, porém quando encontrá-las guarde-as bem. As vezes Deus manda um grande farol e com ele muda toda a direção da rota, outras vezes manda vaga-lumes, não os menospreze.
Como somos todos caçadores de luzes iniciantes aí vão algumas dicas: Olhe sempre na caixa amarela que recebe as cartas, nas etiquetas das roupas velhas, no troco pão, no tronco da árvore, nas costas da moça que espera pela senha 79 no guichê de sugestões e reclamações sentada na quarta cadeira bordô da terceira fileira do banco, no jornal policial da cidade ou na última folha do seu caderno da sexta série. Pode parecer ridículo, porém não tenha medo de parecer.
"Quando um pai se senta para brincar com o filho. Quando o Rei se curva para beijar o servo Quando o autor se põe no próprio livro, só pra morrer ali e por alguém mudar o fim. É disso que eu falo quando canto e quando escrevo sobre o amor. É nisso que eu penso quando vejo e quando sinto esse amor."
(É ISSO / ESTEVÃO QUEIROGA)
A ternura não usa terno, usa vestido florido e chinelo de dedo. Mania boba essa nossa de achar que todo perfume gostoso vem em frasco de cristal. Perfume bom tem cheiro de manteiga no pão quentinho, cheiro de terra molhada depois de dias sem chover, cheiro de abraço de saudade depois de um dia sem se ver. A Ternura é graciosa, linda da cabeça ao pé, principalmente do lado de dentro onde o coração tem um belo chalé. A Ternura não se rotula como A grande afeição, ela apenas é.
O ser mais terno que eu conheço, tem o universo inteiro na palma da mão, porém sua casa preferida é um perfumado coração. O Terno na verdade não o usa, não precisa de aparência já que é pura essência. Tem por adjetivo mansidão: a suavidade dos fortes. Ah! Como Ele é! A proposito, além de ser, Ele era e ainda há de vir. E como não esperar? O Príncipe da paz fez a mesma em mim habitar enquanto aguardo ansiosa a vinda do Eterno chegar. E até que Ele venha, na minha garupa a tranquilidade vou levar.
Foi Ele quem ensinou a ternura a amar. Catarina querida, amar sem receber ou trocar, nem por merecer. Apenas amar, porque foi assim que Ele a amou.
...arrancarei de vós o coração de pedra e vos abençoarei com um coração de carne.
Ezequiel 26:36b
Tem dias que você mal sabe por onde começar o dia, desligar o modo soneca do despertador é um bom começo. Tem dias que não sabe se escolhe pão com manteiga e café ou bolo com chá mate. Tem dias que tanto faz se vai usar cabelo em coque ou rabo de cavalo. As vazes a monotonia dos dias te abraça, mas tão apertado que te sufoca.
Com esses dias você constrói, pouco a pouco, a própria armadura de lata, dura e fria. Que na vontade em ser a pessoa perfeita, engole o choro, aguenta calada, que nunca diz não, que deixa as lágrimas escorrerem apenas ao ralo junto a água que cai do chuveiro, a vontade ser a bonita boneca de lata.
Nosso mundo é um tanto imediatista, você também é eu sei. Mas boas mudanças são feitas aos poucos, por dia a dia, vamos assim mudando o mundo devagarinho, vendo a esperança que ainda há, mesmo que escondida lá no fundo do quintal. Esperança que ficaria linda estampada bem na entrada, na fachada, na decoração de dentro da casa. Como a florista que de pétala a pétala foi colorindo o caminho até o ansiado momento enfim chegar.
Pela cultura das perguntas retóricas dos cumprimentos dados a toda a gente, por (como dizem por ai) educação. Que educação mais mal-educada, não? Aguardo o dia em que educação seja o sinônimo de respeito e respeitar seja se importar com o outro ao ponto de ser empático e não apenas simpático por costume.
Brinque com as cores, Catarina, junte uma a outra até formar uma terceira, veja esperança onde não há. Em meio ao caos o Mestre sempre viu, pois confiava em quem era maior que Ele mesmo. O Criador que deu a ti um coração de carne, que sente e que tem o poder de amar. Sei que por debaixo de toda a armadura feita de lata, planejada ou não, possui dentro de si um aquecido coração, que pulsa e que pode ser a mão que levantará a outra armadura que fria e caída se encontra no chão. Que tiremos toda essa lata então, que sejamos todos todo coração.